terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ponto de Fluxo? o que é isso?

Neste período próximo às eleições, o brasileiro larga um pouco o seu lado "técnico de futebol" e assume o lado de "expert em política". Como estatístico que sou, algumas pessoas comentam muito sobre como as pesquisas são feitas, que instituto tal está errando, que empresa de fulano está "comprada" e coisas do gênero.

Uma das coisas mais comentadas é o Datafolha, pois adota estratégia de amostragem por ponto de fluxo  em suas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral.

Vamos então à explicação, deixando claro que este texto não pretende ser um ensaio sobre esta metodologia.

Uma pesquisa por ponto de fluxo de pessoas é realizada geralmente em locais de passagem de pessoas alvo da pesquisa. Exemplos destes lugares são Praças públicas, ruas movimentadas, feiras livres, calçadões, pontos de ônibus, ruas comerciais de bairro, terminais de ônibus, estações de metrô e outros locais por onde acredita-se que as pessoas costumam passar diariamente, são escolhidos pelos entrevistadores para abordar os respondentes.

Um bom exemplo da correta aplicação deste tipo de amostragem seriam os usuários de determinado tipo de serviço, como um Hospital, uma linha de ônibus específica, usuários de alum parque e coisas do gênero.

O grande problema da adoção deste método em pesquisa política é questão, ao adotar esta estratégia, se restringe o universo da pesquisa às pessoas que usualmente transitam por aquele local, provocando com isso, probabilidades diferentes de seleção para cada indivíduo sendo amostrado. Alguns destes contarão com probabilidades de escolha iguais a ZERO. Este fato é a origem das críticas mais pesada a este sistema, pois não se possui a certeza de que os pontos de fluxo selecionados abrigarão toda a amostra. Um exemplo extremo seriam pessoas forçando a passagem por várias vezes, onde se encontra o entrevistdor até ser abordado, ou vice-versa.

Outro fator complicador é que geralmente, os pontos de fluxo são frequentados por grupos de pessoas muito específicos e outros onde certos tipos de públicos n˜o circulam a pé de forma alguma.

Outro aspecto que tem suscitado questionamento pelos críticos da pesquisa quantitativa de entrevistas pessoais, em ponto de fluxo de pessoas, é a proporção de pessoas que devem ser entrevistadas em cada ponto escolhido.

Na verdade, na grande maioria dos pontos de fluxo não é possível estimar quantas pessoas passam pelo local, nem mesmo o perfil de todas as pessoas que transitam por ali. É certo que algumas características podem ser estimados, mas não com o rigor preferido por nós estatísticos.

Comparado com as entrevistas domiciliares, o ponto de fluxo mostra inúmeras desvantagens, e a pior delas refere-se a possibilidade de resultar em uma amostra não-probabilística. A amostra não-probabilística é aquela que não se conhece qual é a probabilidade de inclusão de cada pessoa do universo na amostra. Essas amostras não contam com suporte da teoria estatística e, portanto, carecem de estimativas de erro amostral e níveis de confiança. Recomenda-se sua utilização no caso de universos bastante específicos e homogêneos.

Por outro lado, o uso desta técnica em pesquisas boca-de-urna é mais adequado, pois sabemos ao certo que o eleitor em um determinado momento estará em sua seção eleitoral, o que propicia probabilidade de escolha maior que Zero a todos.

UPDATE: Escrevi um novo post tentando esclarecer algumas dúvidas que eu mesmo tive ao ler este post. Fiquem à vontade ao comentar. Tentarei esclarecer tudo que estiver sob meu conhecimento, todas as críticas, desde que construtivas, serão bem recebidas.

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